O QUE FAZER QUANDO MEU FILHO NÃO COME?


"Meu filho não come!” Essa é uma das principais queixas no consultório dos pais de crianças em idade pré-escolar (entre 3 e 6 anos). Muitas vezes eles têm razão: a garotada nessa faixa de idade realmente costuma comer menos, por diversos motivos. Mas é preciso tomar cuidado para que a preocupação não seja exagerada. A princípio, o apetite realmente diminui nessa fase porque, ao entrar no segundo ano de vida, o ritmo de crescimento da criança diminui e, por conseqüência, sua necessidade de calorias diárias também. Isso se reflete na fome da criança. Além das diferenças decorrentes da faixa etária da criança, a falta de apetite pode estar relacionada com o comportamento dos pais, listados a seguir:
  • A mãe oferece muita comida à criança, sem levar em conta o tamanho de seu estômago. Ela não agüenta comer tudo;
  •  O intervalo entre as refeições é irregular, está muito curto e cheio de "guloseimas";
  •  Nessa idade o mundo ao redor é muito mais interessante e curioso, e o ambiente não ajuda: há muito barulho e confusão durante a refeição. A criança não consegue se concentrar no ato de comer.
  • A criança já percebeu que, se recusar a comida, seus pais irão fazer diversos malabarismos para que ela coma. Ela decide então se divertir e não come...
  • Existem mães que ficam tão aflitas porque seus filhos não comem que trocam a refeição por lanches ou outras guloseimas. Quando a criança entende o processo, faz chantagem para receber o "prêmio".
  • Promessas do tipo "se você comer tudo, ganha chocolate" só servem para superestimar o doce e diminuir o valor da comida.
  • A mãe, ansiosa para que o filho se alimente, passa esse sentimento para ele, angustiando-o e interferindo na sua vontade de comer.
Como resolver essa falta de apetite?

Alguns desses fatores, ou mesmo todos eles, são armadilhas comuns para a maioria dos pais. Quando a inapetência tem as características citadas acima, é conhecido como falta de apetite de origem comportamental. O melhor é evitar tais comportamentos. Algumas dicas para evitar ou reverter a situação:
  • Estabeleça horários para as refeições e para os lanches, com intervalos de duas a três horas;
  • Não troque a refeição principal por outro alimento. Se a criança não quiser comer, aguarde meia hora ou uma hora e ofereça novamente a mesma comida. Se ainda assim ela recusar, espere mais tempo até que ela dê sinais de está com fome.
  • Esqueça artimanhas do tipo "se comer tudo, ganha um brinquedo", "se não comer, fica de castigo". Caso contrário ela vai supervalorizar o prêmio e odiar a comida, que a castiga.
  • Criança pequena tem estômago pequeno, por isso nem adianta encher muito o prato. Senão só de olhar, ela já vai ficar saciada. Coloque pouca comida e, se a criança quiser repetir, coloque menos ainda.
  • Evite artifícios como "aviãozinho", "televisão" e "disfarçar os alimentos". Eles duram pouco e você vai ter que estar sempre inventando novidades.
Apesar das dicas, o nutricionista e/ou pediatra têm condições de diagnosticar se a diminuição de apetite da criança é natural, de origem comportamental ou orgânica. Neste último caso, ela se dá porque a criança está com alguma doença ou com carência de nutrientes como vitaminas e minerais.
E, mais uma vez, somente o nutricionista e/ou pediatra poderá prescrever o melhor tratamento: mudança de hábitos alimentares, ingestão de suplementos de vitaminas e minerais.